O terror do crime organizado está levando a imprensa mexicana a viver sob autocensura. Os criminosos estão promovendo ataques a jornalistas e a veículos de comunicação, que denunciam as ações criminosas no país. Uma delegação internacional da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) está desde ontem (29), no México, promovendo reuniões com autoridades máximas do país, defendendo que o país tenha normas para que os crimes contra a liberdade de expressão sejam federalizados, que não prescrevam e as penas e punições sejam aumentadas para quem os comete.
A delegação internacional da SIP, encabeçada pelo seu presidente, Alejandro Miró Quesada, já teve audiências com o presidente mexicano, Vicente Fox; com o procurador geral da República, Daniel Cabeza de Vaca; com senadores e juízes do Supremo Tribunal de Justiça. A delegação expressou às autoridades, a preocupação da entidade com o avanço da violência e do crime organizado, que atingem os jornalistas e os veículos de comunicação, particularmente na zona norte do México.
“É necessária uma reação do Estado, já que a violência contra os veículos e jornalistas está levando a imprensa mexicana a uma grave condição de autocensura, que provoca conseqüências ainda mais graves para a cidadania em geral”, afirmou o peruano Miró Quesada.
Situação preocupante
O presidente Fox disse aos representantes da SIP que está preocupado com o problema e garantiu que seu governo está procurando, mediante uma legislação adequada, enfrentar a situação e reforçar as forças policiais para o combate ao crime organizado no país.
O procurador geral da República, Daniel Cabeza de Vaca, disse que o poder executivo já enviou ao Congresso uma iniciativa para reforma da constituição, no que diz respeito aos crimes cometidos contra os direitos humanos e que poderá ser incluída uma cláusula para os crimes contra a liberdade de imprensa e contra os jornalistas.
A delegação da SIP também esteve no Senado, onde existem atualmente 23 propostas de reforma constitucional no tocante aos direitos humanos.