A presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Espírito Santo, Suzana Tatagiba, reagiu à sindicância da Polícia Militar do Estado que indiciou o jornalista Nestor Muller, "por ter contrariado as normas administrativas militares". Segundo ela, os agentes públicos fazem uma "eterna confusão entre o que é público é o que é privado".
Leia abaixo a manisfestação da sindicalista:
Público x Privado: eterna confusão
Como diz o título acima, existe uma eterna confusão entre o que é público é o que é privado, principalmente pelos agentes públicos capixabas. Não podemos afirmar com certeza se é uma confusão ingênua, um equívoco por falta de informações ou um equívoco proposital. Explico.
Há muito tempo esses agentes públicos, e aí entram TODOS ELES, gostam de gritar aos quatro cantos do Estado que a imprensa está sempre infringindo o espaço privado para colher informações. No mês passado, a PM voltou a cometer "equívocos" dessa natureza.
Primeiro no episódio absurdo onde obrigou uma repórter e um cinegrafista da TV Gazeta Norte a ficarem de joelhos, sob a mira de escopetas, no meio da rua, durante cobertura de um tumulto no presídio em Linhares. Mais recentemente, o Sindijornalistas-ES recebeu, de forma anônima, uma denúncia de que o repórter fotográfico Nestor Muller foi indiciado numa sindicância aberta na Corregedoria da PM, por crime de natureza militar. Em resumo: após ser proibido de fotografar alunos do CFA, dentro das dependências do Quartel da PM, o fotógrafo fez a foto da rua, da via pública.
O que está acontecendo com os agentes públicos neste governo que se diz democrático e transparente? Será que eles não sabem que a Constituição Brasileira garante a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente de censura ou de licença (art.IX)? E que ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento desumano ou degradante (art. III)? E que é assegurado a todos acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional (art.XIV)?
Em vista de todos estes questionamentos chegamos à conclusão que faltam aos agentes públicos capixabas conhecimento constitucional, transparência e vontade política de colocar em prática este aprendizado. É mais fácil bater e descumprir a lei do que seguir as normas constitucionais previstas na Carta Magna brasileira.
O movimento sindical dos jornalistas vem enfrentando uma árdua batalha pela sua posição intransigente dos interesses dos jornalistas e da sociedade. Neste governo, tanto Federal como Estadual, sofremos derrotas, mas elas não vão nos abater. A liberdade de expressão e de imprensa são nossos principais princípios, pois somos uma categoria que tem forte contribuição na formação da consciência coletiva do povo brasileiro.
Suzana Tatagiba
Presidente do Sindijornalistas-ES