Leitura obrigatória. A jornalista Fátima Souza lançou, no final do ano passado, o livro "PCC, a facção". Uma grande reportagem, raridade preciosa nos tempos atuais. A experiente jornalista, que tem sangue de repórter, apresenta aos leitores um compêndio sobre seu profundo e sério trabalho sobre a organização criminosa PCC - Primeiro Comando da Capital.
Furo histórico
Fátima Souza foi a primeira colega a informar a existência da organização, fato prontamente desmentido pelas autoridades da área de segurança e do governo paulista, que passaram anos tentando esconder o elefante embaixo de tapetes rotos.

Mas quem pensa que o livro é apenas um chato relato sobre barbaridades cometidas por monstros e bandidos, vai se surpreender. Demorei para começar a ler o livro de Fátima. Ele tem 306 páginas e sua edição o deixou com uma cara de livro que vamos levar um mês para ler. Motivo pelo qual demorei a encarar. Apesar da aparência, o livro é daqueles, que quando começamos a ler, não paramos. Para devorar o trabalho de Fatima, não levei nem dois dias. Uma excelente pedida para um final de semana de boa leitura.
Muito além do crime
O livro de Fátima, além de ser uma senhora aula de jornalismo, tem como pano de fundo o dramático cenário promovido pela imensa ineficiência da política carcerária e de segurança pública no Estado de São Paulo. Um Deus nos acuda, onde os membros do PCC pintam e bordam, mas também demonstram muito mais respeito e reverência ao trabalho da jornalista do que muitas autoridades pagas com o dinheiro público e que devem, além de satisfações à sociedade, promover a segurança pública e ter mais respeito com o trabalho da imprensa.
Mulher Coragem
A coragem, ética, competência, credibilidade e profissionalismo de Fatima geraram um profundo respeito até nos mais perigosos criminosos do País. Caminho que relutantes coleguinhas e autoridades policiais tiveram que seguir, rendidos que foram pelo sério trabalho da jornalista.
PCC, A FACÇÃO - Editora Record, 306 páginas, R$ 45