Durante duas semanas, repórteres moraram na Favela do Batan, em Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro. A idéia da reportagem, segundo revelou o jornal "O Dia", era mostrar como vivem as pessoas em um local onde grupo clandestino tem lucro fantástico com a venda do gás de cozinha, do sinal pirata de TV a cabo e da segurança forçada, além do curral eleitoral. Mas, na tentativa de produzir material que mostrasse os desvios dessa realidade, os jornalistas caíram nas mãos da barbárie.
"Denunciados, os repórteres foram seqüestrados e mantidos em cárcere privado em um dos barracos usados como quartel-general pela quadrilha. O interrogatório e as torturas duraram sete horas e meia, período em que a equipe foi submetida a socos e pontapés, choques elétricos, sufocamento com saco plástico, roleta-russa, tortura psicológica e todo tipo de situação vexatória. Em um dos intervalos entre as sessões de agressões, a equipe identificou o barulho de sirenes iguais às das patrulhas policiais rondando o cativeiro. Mas os homens que chegavam ao local, em vez de socorrer as vítimas, eram solidários aos carrascos", conta o jornal carioca.
A equipe do jornal afirmou que em determinado momento, o cativeiro chegou a ter pelo menos 20 milicianos, entre torturadores, incentivadores e espectadores coniventes. Após ameaças de que seriam torturadas até a morte, as vítimas foram libertadas. A condição seria manter segredo sobre a sessão de agressões. "Foi a forma mais cruel e bárbara de testemunhar como a milícia age nas comunidades do Rio", reconhecem os colegas.
"O crime cometido contra a equipe de "O Dia" aconteceu no dia 14 de maio. A cúpula da Segurança do Estado do Rio foi notificada. Hoje, mais de duas semanas depois das agressões, os fatos estão sendo publicados. A decisão de esperar esse tempo para trazer à tona a história foi tomada para que as investigações policiais não fossem prejudicadas e, principalmente, para garantir a segurança das pessoas envolvidas. Agora, espera-se pela punição dos culpados", revelou o jornal.