Hoje, 03 de maio, é o Dia Internacional da Liberdade de Imprensa. A Federação Internacional dos Jornalistas decidiu marcar a data com um chamamento para a justiça, a segurança e a solidariedade e, em particular para uma ação internacional para investigar as mortes de jornalistas no Iraque.
A Federação publicou um informe detalhado, que expõe o descontentamento do jornalismo com a incapacidade dos norte-americanos para investigar, de maneira adequada, os incidentes em que sete jornalistas morreram durante a guerra, vítimas de "fogo amigo". "Cada uma das mortes tem que ser investigada de maneira séria e independente", disse a Federação.
"A solidariedade entre os jornalistas é tão importante como as campanhas por justiça e maior segurança no trabalho", divulgou a Federação em seu pronunciamento oficial. O documento em espanhol pode ser lido no endereço: www.ifj.org/default.asp?index=2337&Language=ES
A organização Repórteres Sem Fronteiras www.rsf.org, também, divulgou relatório sobre arbitrariedades cometidas contra jornalistas em todo o mundo. No capítulo dedicado ao Brasil, a organização afirma que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem promovido ""uma satisfatória situação de liberdade de imprensa"", mas enfatiza algumas ""violações graves"", como os assassinatos de dois jornalistas durante o ano passado: Nicanor Linhares Batista, no Ceará, e Luiz Antônio Costa, em São Paulo.
Proprietário da Rádio Vale do Jaguaribe, em Limoeiro do Norte, Batista foi morto a tiros em junho, enquanto gravava um programa policial, no qual freqüentemente criticava policiais e políticos locais. A ONG chama a atenção ainda para o caso do fotógrafo Luiz Antônio Costa, que também foi morto a tiros, em julho, quando estava trabalhando para a revista Época. Costa acompanhava uma invasão do MST, em São Bernardo do Campo, a uma propriedade da montadora de automóveis Volkwagen.
O relatório faz um balanço geral das arbitrariedades cometidas contra a liberdade de imprensa em 2003, em todo o país: três jornalistas presos, seis agredidos fisicamente, e, em outros dois casos citados, houve obstrução do acesso à informação pela polícia civil e por órgãos federais.
O assassinato do jornalista Tim Lopes, em 2002, também foi lembrado no texto. O repórter foi morto por traficantes na Vila Cruzeiro, uma favela no subúrbio do Rio de Janeiro, enquanto fazia uma matéria sobre exploração sexual infantil em bailes funk. Os responsáveis só foram presos, segundo a organização, porque a imprensa liderou uma campanha pressionando as autoridades para que o caso fosse resolvido rapidamente.
Para a ONG, o principal inimigo da liberdade de imprensa no Brasil continua sendo a ""impunidade generalizada"" ligada à infiltração na sociedade brasileira do crime organizado. Esta junção estaria levando o país a uma ""colombianização"".
Uma das soluções sugeridas pelo relatório é a de que os meios de comunicação brasileiros se organizem para exigir a revogação da Lei de Imprensa de 1967, que estaria ultrapassada e seria um ""resquício da ditadura militar"". A partir desta legislação, segundo a ONG, 150 ações criminais foram movidas contra a imprensa no ano passado.