O Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal e a direção do Comitê de Imprensa do Senado entregaram hoje (26) à Mesa Diretora da Casa uma representação contra o senador Roberto Requião (PMDB-PR). O objetivo é provocar os senadores para que encaminhem o documento para apreciação do Conselho de Ética a fim de punir o parlamentar.
Ontem (25), Requião tomou o gravador das mãos do repórter da Rádio Bandeirantes, Victor Boyadjian, por julgar ofensiva a pergunta se abriria mão do pagamento da aposentadoria por ser ex-governador do Paraná.
Senador Roberto Requião (PMDB-PR) preside reunião da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) Fotógrafo: José Cruz /Agência Senado
Roberto Requião, que era entrevistado no plenário, só devolveu o gravador à noite. Para o Sindicato, isso configura "chacota pública ao profissional". Agora, a entidade requer a confirmação dos fatos, a partir da apresentação das imagens feitas pelas câmaras de segurança do plenário, bem como a intimação de Requião para que apresente sua versão dos fatos "sob pena de confissão à revelia".
Caso a Mesa Diretora acate a representação, o assunto será levado ao Conselho de Ética do Senado para analisar se caberá, nessas circunstâncias, uma punição a Requião, que é presidente da Comissão de Educação. Pelo regimento interno, as medidas disciplinares vão desde a advertência até a cassação do mandato.
"Patenteando os tempos obscuros do período ditatorial, o senador da República, que deveria zelar pelo cumprimento das normas constitucionais, imiscuiu-se no direito de apropriar-se indevidamente de gravador (instrumento utilizado no exercício da profissão de jornalista) pertencente ao jornalista da Rádio Bandeirantes (Sr. Victor Boyadjian) por não ter sido do seu agrado a pergunta realizada pelo jornalista, promovendo ainda a chacota pública do profissional" - diz o documento.
O sindicato afirma que, "não satisfeito em retirar o instrumento de trabalho do jornalista, o senador ainda o agrediu com palavras e ameaças". O mesmo texto sustenta que cabe ao Estado assegurar condição de trabalho a todos os cidadãos, como medida de se proteger a obtenção do sustento em qualquer atividade profissional lícita.
Ao receber o documento, a secretária-geral da Mesa do Senado, Claudia Lyra, comunicou que o levaria ao presidente José Sarney.
Com informações das Agências Brasil e Senado