O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo realizou nesta quarta-feira (dia 27) manifestação pública no centro da cidade de Piracicaba, no interior paulista, contra a demissão do dirigente sindical Carlos Eduardo Luccas Castro, do Jornal de Piracicaba, ocorrida na semana passada. Amanhã (28), pela manhã está marcada mais uma rodada de negociações entre os patrões e jornalistas, mas o Sindicato dos Jornalistas pode paralisar as negociações caso o dirigente não seja recontratado.
Outro lado
O Jornal de Piracicaba pertence ao presidente do Sindicato patronal de Jornais do Interior (Sindjori), Marcelo Batuíra. O jornal, através de ofício, procurou explicar a demissão do dirigente, dizendo que seria necessário "separar os assuntos de uma empresa privada de uma entidade sindical que é o Sindjori". O diário reconheceu que o dirigente sempre foi "um excelente profissional", e alegou que "sua demissão se deu exclusivamente a fatores econômicos-financeiros".

Veja abaixo a íntegra da carta aberta distribuída pelo Sindicato em Piracicaba:
"O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, vem a público denunciar a forma desumana e desrespeitosa como são tratados os profissionais da notícia em nosso estado que em seu cotidiano, enfrentam atrasos nos salários, pagamento abaixo do piso, não cumprimento da Convenção Coletiva, assédio moral, prática anti-sindical, perseguição aos colegas sindicalizados e dirigentes sindicais, dentre outros absurdos.
Nessa campanha salarial, enquanto se desenrolavam difíceis negociações, o patronato chegou ao cúmulo de demitir injustamente o jornalista Carlos Castro do Jornal de Piracicaba (JP), decisão levada a efeito pelo diretor-proprietário daquele veículo, que também preside o sindicato dos donos de jornais e revistas do interior. Tal atitude revela o desrespeito aos direitos de livre organização e associação sindical garantidos pela Constituição Federal.
Os proprietários de jornais e revistas levantam a voz em defesa de uma pretensa liberdade de expressão, mas, na verdade, praticam a “liberdade de empresa” e “lei da mordaça”, ou seja, a prática ilegal de contratar jornalistas com salários abaixo do piso salarial da categoria, sem benefícios, obrigando os a cumprir longas e exaustivas jornadas, sujeitos, ainda, à perseguição e à demissão quando tentam se organizar para fazer valer os seus direitos.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo denuncia essa situação à sociedade e pede solidariedade aos cidadãos e cidadãs piracicabanos. Exigimos a imediata readmissão do jornalista Carlos Castro, que é dirigente sindical eleito pela categoria para representar e organizar os trabalhadores em seu local de trabalho.
Exigimos o fim do assédio moral, da perseguição aos jornalistas sindicalizados e reafirmamos todo apoio ao companheiro Carlos Castro e a todos e a todas jornalistas. Conclamamos a sociedade a nos apoiar, porque essa luta é de todos nós, trabalhadores e trabalhadoras que sonhamos com um país melhor e mais justo. A verdadeira grandeza também se constrói com informação, liberdade e com direito a livre manifestação e organização."