Os jornalistas do Estado de São Paulo decidem em plebiscito inédito, a ser realizado nas principais redações do Litoral e Interior, se aceitam ou não a proposta apresentada pelos patrões de Jornais e Revistas do Litoral e Interior, que prevê reajuste de 7% no piso salarial (contra INPC de 6,44%), 6,5% para outras faixas de salários e nas cláusulas econômicas, pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de R$ 780,00 (em duas parcelas, em abril e outubro de 2012), entre outros.
Também haverá reajuste diferenciado no vale alimentação ou cesta básica - R$ 156,00, R$ 151,80 e R$ 147,00. As urnas estarão nas redações dos principais jornais esta semana - hoje (dia 23), amanhã (24) e quinta (25).
A nova proposta, considerada muito aquém dos anseios da categoria pela direção do Sindicato, foi apresentada após intensa negociação, mas que durante um período ficou interrompida pela demissão do diretor do Conselho Fiscal do Sindicato, Carlos Castro, demitido em represália à mobilização no Jornal de Piracicaba, exatamente dentro da empresa do presidente do Sindicato de Jornais e Revistas do Interior, Marcelo Batuíra, e que ganhou repercussão negativa, com manifestações públicas do Sindicato, de parlamentares e também da Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (CUT/SP).
O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, José Augusto Camargo (Guto), considera que a mobilização e a organização dos jornalistas deve ser intensificada, já que a proposta patronal, a ser apreciada no plebiscito pela categoria, está muito abaixo da reivindicação. “As empresas passam por um momento econômico positivo. Os veículos têm forte aumento na tiragem, circulação e anúncios, mas ao mesmo tempo, nada é repassado aos salários”.
Para Guto, os jornalistas do Litoral e Interior querem equiparação com os profissionais da Capital e a proposta apresentada pelos empresários não contempla esta reivindicação. “É importante que os trabalhadores dêem uma resposta nas urnas do plebiscito, votando maciçamente e participando da Campanha Salarial com determinação”.
Já a secretária do Litoral e Interior, Lílian Parise, acredita que a categoria deve dar uma demonstração de insatisfação, participando em peso das votações. “Os jornalistas devem demonstrar nas urnas que não concordam com os índices apresentados que, além de não atenderem às expectativas dos trabalhadores, estão muito aquém da pauta de reivindicações. É mais uma demonstração de que ainda continuam tratando os jornalistas do Litoral e Interior como profissionais de segunda categoria, já que não atendem à reivindicação histórica de equiparação com os companheiros da Capital”.
Pressão faz negociações serem retomadas
As empresas de Jornais e Revistas do Interior solicitaram que as negociações fossem retomadas, após pressão realizada pelo Sindicato em manifestações realizadas em Piracicaba contra a demissão do diretor Carlos Castro. Segundo a diretora Lílian Parise, a entidade voltou às mesa de negociação para que a categoria não fosse prejudicada por um ato de autoritarismo e truculência do presidente do sindicato patronal. “A demissão do diretor é mais um motivo para que os jornalistas dêem uma resposta à altura. É uma proposta insuficiente, que mal repõe a inflação, apesar de os patrões estarem apresentando grandes lucros, seja na aumento da circulação ou nas vendas de publicidade”.