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26/11/2013
Sérgio Silva perdeu a visão de um olho, mas não se cala
 

O repórter fotográfico Sérgio Silva foi a vítima mais grave da violência policial durante as manifestações populares de junho último. Naquele mês, outros 23 jornalistas foram agredidos por policiais militares e cinco foram arbitrariamente detidos. Alvejado por uma bala de borracha no olho esquerdo, naquela fatídica noite de 13 de junho, Sérgio teve graves lesões oculares, fraturas na órbita e acabou perdendo a visão de um olho.

Ojornalista procurou Sérgio, que se recupera de sua segunda cirurgia, para uma entrevista. Ao invés de encontrar uma pessoa amargurada encontramos um guerreiro, uma pai de família que tem duas garotinhas, uma de 7 e outra de 13 anos, que avisa que não irá se calar.


Sérgio, como você foi atingido? No dia viu alguém atacando policiais ou promovendo quebra-quebra?

Eu estava na rua Caio Prado com avenida da Consolação fotografando a manifestação. Foi então que chegou a tropa de choque e começou a lançar muitas bombas. Eu me abriguei atrás de uma banca de jornal por um tempo e depois saí para realizar outras fotos. Foi quando fui atingido pela bala de borracha no olho esquerdo. Naquela manifestação não houve qualquer violência por parte dos manifestantes. Nada. Foi a polícia que atacou. Os manifestantes apenas xingaram os policiais depois do ataque.

Quem começou foi a polícia. Foi ela quem atacou. Eu vi de onde partiu a bala que me atingiu. Fui socorrido por um professor que participava da manifestação que me levou para o hospital mais próximo, na Avenida Nove de Julho.

Alguma autoridade estadual te procurou? Alguém pediu desculpas ou se mostrou preocupado com o ocorrido?

Nenhuma autoridade me procurou. Nem mesmo o assessor de imprensa da Secretaria Estadual de Segurança Pública ligou. Nada. Simplesmente me ignoraram.

Como tem feito para arcar com as despesas médicas?

Utilizado as economias da família. Minha esposa saiu do trabalho e a indenização que ela recebeu tem ajudado a pagar as despesas. Eu não pude trabalhar nos últimos meses e deixar de receber o valor com o qual compunha o orçamento familiar.

 

Você processou o Estado de São Paulo?

Sim. Peço indenização pelo dano físico e moral. Foi solicitada a antecipação de tutela para obter ajuda com os gastos médicos, mas o juiz do caso não concedeu.

Você foi a vítima mais grave das manifestações que eclodiram no país em Junho último, qual a sua avaliação sobre a ação da polícia?

Completamente desastrosa. Covarde. Uma violência que mostrou todo o despreparo da polícia, que acabou gerando uma onda de reação que é a violência que vemos hoje nas manifestações.  

Recentemente o governador Geraldo Alckmim autorizou a volta da utilização de balas de borracha em manifestações. Qual a sua opinião?

Ele acabou assumindo a responsabilidade sobre outras vítimas que possam existir. Não encontrou uma solução para proteger os cidadãos e assumiu o risco sobre o dano físico desses cidadãos. Ocorrendo uma nova vítima ele terá que assumir a responsabilidade e as consequências.

Qual tem sido a sua maior dificuldade?

O mais difícil tem sido as brincadeiras com as minhas filhas. Tenho muito carinho por elas. Sempre peguei no colo e brinquei de levantá-las, jogar para cima. Hoje não posso fazer mais por conta do grau do ferimento. Não posso fazer este esforço físico.

Como ficou sua vida profissional?

Fiquei três meses sem trabalhar. Hoje estou estudando e aprendendo e reaprendendo. Tenho me voltado mais para o vídeo e trabalhado em estúdio.

O que pretende fazer daqui para frente?

Não vou deixar a fotografia. Tenho que esperar a lesão ser completamente curada. Pretendo colocar uma prótese no olho esquerdo.

O que você gostaria de falar para o policial que lhe atingiu?

Meus pêsames. Porque ele defende uma farda de uma instituição falida que não promove aquilo que a sociedade espera. Ele também deve ter família, mas defende algo que não traz bem para a sociedade.

E para o governador?

É o pior governo que já vi no Estado de São Paulo. Sempre na defesa dos interesses da burguesia empresarial do nosso Estado, contra as necessidades das classes menos favorecidas. É lamentável viver sob este governo.

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