Com novos três casos, sobe para 166 o número de violações a jornalistas em cobertura de protestos desde maio de 2013. O último sábado (05/04) foi mais um dia violento para jornalistas. Dessa vez as agressões aconteceram em Belém, no Pará, durante um protesto de policiais militares. Três jornalistas foram agredidos - e o número total apurado pela Abraji - Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo - sobiu para 166 violações. A planilha com todas as informações está disponível para download aqui.
Os jornalistas da TV Liberal Márcio Lins e Jairo Lopes foram hostilizados assim que chegaram ao local da manifestação. Devidamente identificados como repórter e cinegrafista, foram agredidos com tapas e socos. Márcio Lins ficou desacordado por dez minutos, e Jairo Lopes teve de voltar ao veículo da televisão para guardar o equipamento - os PMs em protesto tentavam jogar a câmera no chão.
Mais tarde, um produtor à paisana da mesma rede de TV que preferiu não se identificar foi descoberto enquanto filmava a manifestação. Cercado por policiais, alegou ser um estudante quando questionado sobre a empresa para a qual trabalhava. Mesmo assim, foi agredido com socos no rosto e na cabeça. Conseguiu sair do local levando consigo a câmera, mas teve a CNH subtraída.

Dos 166 casos de violação, 107 foram intencionais - ou seja, a vítima foi identificada como profissional da imprensa antes da ser hostilizada, presa ou agredida.
Dos 107 casos de violação intencionais, 85 (79,5%) foram perpetrados por forças de segurança (polícia, guarda civil ou seguranças privados). Em 22 casos (20,5%), os manifestantes foram os autores da violação.
Dos outros 59 casos de violação, 27 foram não intencionais. Em 30 casos, não foi possível conseguir uma resposta dos profissionais alvo das violações. E em dois casos não foi possível afirmar se a agressão foi intencional ou não.
Comissão de Trabalho discute violência
A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público promove audiência pública, na próxima quinta-feira (10), para discutir a violência sofrida por parte dos jornalistas, repórteres e fotógrafos e demais profissionais de imprensa, durante as manifestações ocorridas desde maio de 2013.

O evento foi proposto pelo líder do PT, deputado Vicentinho (SP). Segundo ele, se faz necessário debater as agressões sofridas por profissionais de imprensa e os atos de vandalismo ocorridos nas últimas manifestações, “que tinham a intenção de impedir a cobertura dos fatos, atos esses que devem ser rechaçados por atentarem contra a liberdade de imprensa e o direito à informação”.
O parlamentar acrescenta que “a violência das forças de segurança e também de manifestantes contra os profissionais de imprensa” devem continuar a ser analisada. “A imprensa é fundamental em uma democracia; ela precisa ser livre para levar as notícias à população.”