O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro denuncia que a ação das empresas de rádio e TV levou à aprovação de um acordo salarial para este segmento que rebaixa o piso salarial, concede reajuste abaixo da inflação atual e, ainda por cima, prevê pagamento parcelado do retroativo. A proposta para a convenção coletiva de 2015 de rádio e TV foi aprovada em votação apertada – com apenas onze votos de diferença, na semana passada.
Segundo a entidade sindical, o grupo que votou de acordo com a vontade dos patrões o fez sob falsas ameaças de que teriam salários cortados em até 30% e que não receberiam parcela da participação de lucros paga pela Rede Globo.
"A decisão poderá fazer com que os jornalistas deste segmento tenham reajuste de 7,13%, cujo retroativo a fevereiro poderá ser parcelado em até quatro vezes, dependendo do número de profissionais empregados na empresa. Foi referendado piso de R$ 1.446,25 (rádio) e R$ 1.606,95 (TV) – respectivamente R$ 986,47 e R$ 825,77 abaixo do piso estadual, que é de R$ 2.432,72", alerta o Sindicato. A CLT prevê que valor fixado em convenção coletiva prevalece sobre o da lei regional, ainda que seja menor.
A aprovação da proposta patronal no RJ provocou a reação de três outros sindicatos de jornalistas brasileiros, que emitiram uma nota conjunta sobre a decisão da assembleia carioca. Veja a íntegra da manifestação abaixo:
Os Sindicatos de Jornalistas abaixo assinados acompanham com apreensão os acontecimentos referentes à negociação salarial dos jornalistas do Rio de Janeiro e manifestam sua solidariedade ao Sindicato e aos companheiros daquele estado. Entendemos que a decisão dos profissionais vinculados à Rede Globo de aprovarem a proposta patronal de redução do piso salarial é lesiva aos interesses não apenas dos jornalistas do Rio, mas de todo o País.

Depois de vinte anos de luta, sob a liderança do seu Sindicato, os jornalistas do Rio conseguiram conquistar um piso salarial para a categoria de R$ 2.432, aprovado pela Assembleia Legislativa. No entanto, os jornalistas vinculados à Rede Globo – em nome de um abono oferecido pela empresa, que não se incorpora ao salário – aprovaram, por maioria, a proposta patronal que reduz o piso para R$ 1.446,25 (rádio) e R$ 1.606,95 (TV). A pressão dos patrões foi ostensiva, conforme denunciou o Sindicato do Rio.
É lamentável que num momento em que os jornalistas brasileiros enfrentam uma mais maiores ondas de demissões da história e todos os tipos de violência, alguns colegas façam o jogo dos patrões. Não é momento de colocar interesses particulares e imediatos acima dos interesses coletivos e de longo prazo da categoria; não é momento de divisão, mas de união de todos os jornalistas.
Nós, jornalistas, precisamos ter clareza de que na campanha salarial interesses antagônicos se conflagram. Ao dividir a categoria, a Rede Globo tenta fazer prevalecer seus interesses empresariais e o seu lucro, à custa dos salários dos seus empregados. Abrir mão de conquistas históricas e aceitar a redução do próprio salário é não entender que, antes de ser empregados de determinada empresa, somos trabalhadores, somos jornalistas.
Não permitiremos que o que aconteceu no Rio de Janeiro se repita nos nossos estados. Solidários ao Sindicato do Rio, que representa os interesses gerais e permanentes da categoria, e aos profissionais de jornais e revistas, que rejeitaram a proposta patronal, conclamamos todos os jornalistas a se unirem em defesa das nossas reivindicações legítimas, contra o jogo sujo e as chantagens patronais.
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná
Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal