Os salários atrasados da Gazeta Mercantil deverão ser pagos em cinco parcelas. A proposta de acerto dos atrasados consiste em pagar a soma de três salários e meio (meio salário referente a junho e mais os salários integrais de julho, agosto e setembro, este último ainda a vencer) em cinco parcelas. As parcelas de setembro e dezembro terão o valor equivalente a um salário integral. As demais (outubro, novembro e janeiro), meio salário. As parcelas vencem sempre no dia 19, a começar na segunda quinzena de setembro.

A decisão foi tomada pela assembléia mesmo depois da advertência, feita pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Fred Ghedini, de que a extinção do dissídio de greve retirava uma garantia importante que os empregados da Gazeta Mercantil tinham contra a empresa, para o pagamento dos salários atrasados.

A assembléia geral dos empregados da Gazeta Mercantil  aprovou,  por ampla maioria (houve um voto contrário e três abstenções), a proposta negociada entre uma comissão de funcionários e os representantes do empresário Nelson Tanure (Jornal do Brasil). A assembléia, que contou com a participação de 121 empregados, deliberou depois de ouvir a proposta apresentada diretamente a ela por Wellington Ferreira Pinho, da Docas S. A. Investimentos, que falou em nome do sócio Nelson Tanure.

O acordo foi então assinado pelos Sindicatos dos Jornalistas de São Paulo, dos Empregados Administrativos e dos Gráficos de São Paulo, colocando um ponto final no dissídio de greve pelo não pagamento dos salários de junho, julho e agosto. O Tribunal Regional do Trabalho-SP homologou hoje (11/09) o acordo.

A empresa revelou que pretende demitir todos os funcionários e recontratar parte deles (jornalistas e pessoal de apoio à redação), em novo formato, e com vencimentos a serem negociados. O formato da recontratação e os valores serão ainda objeto de negociação entre o novo patrão e os empregados, conforme proposta apresentada pelo empresário Wellington Pinho, mas ainda não apreciada pela assembléia geral dos empregados.

Fred Ghedini lembrou, mais uma vez aos presentes à assembléia da Gazeta, que a FENAJ e os Sindicatos dos Jornalistas do país, incluindo o de São Paulo, estão preparando campanha nacional contra a precarização do mercado de trabalho, o que inclui a contratação de jornalistas como pessoas jurídicas.

O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, também, está contactando os advogados dos jornalistas demitidos (desde 2001 até agora), para estudar em conjunto uma estratégia para que essas pessoas recebam, da Gazeta Mercantil, os valores que ainda não foram pagos aos ex-empregados. Muitos dos demitidos estão enfrentando sérias dificuldades financeiras.