A revista Consultor Jurídico, leia-se Laura Diniz e Márico Chaer, detectou aumento no número de processos contra os veículos de comunicação. Já há mais processos contra os grandes grupos jornalísticos do que jornalistas nas redações. Ou seja: para uma amostragem de 2.783 jornalistas há 3.342 ações judiciais, segundo apurou a revista.
"O Jornalista" credita parte do aumento à precarização da profissão. De um lado os veículos cortam custos: reduzindo o número de jornalistas, contratando profissionais não habilitados e explorando a mão de obra de estudantes. De outro, com a queda na qualidade acabam arcando com indenizações pesadas. No final todos perdem: os atingidos, os jornalistas, os veículos e a sociedade que recebe informação de má qualidade. Investir na qualidade da informação pode ser o melhor "negócio".
Os veículos pesquisados foram o grupo Globo (emissoras, jornais e revistas), editoras Abril e Três e, os jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo.
O trabalho apurou que as empresas jornalísticas são mais acionadas que os seus profissionais. O levantamento, feito pela revista mostra que há predominância absoluta de ações cíveis de natureza indenizatória - uma mudança radical em relação ao período anterior à Constituição de 1988. Apenas 150 ações (4%) são de cunho criminal.
Caso condenadas em todas as 3.192 ações indenizatórias, as empresas e jornalistas teriam que arcar com um prejuízo da ordem de quase R$ 65 milhões, considerado o valor médio de R$ 20 mil por indenização arbitrado pelo Superior Tribunal de Justiça. Por outro lado, embora os jornalistas e as empresas sejam condenados em apenas 20% dos casos, a Justiça já chegou a arbitrar indenizações superiores a R$ 1 milhão em processos em que não cabem mais recursos. Caso da Escola de Base.
Pelo levantamento anterior, feito pouco mais de dois anos atrás, o volume de processos contra empresas jornalísticas e profissionais mais que dobrou. Cresceu também o percentual de condenações.